A Casa de Vidro foi a moradia do casal Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi por cerca de quarenta anos. Nela, estão registradas suas trajetórias no Brasil, país para o qual deram importantes contribuições no processo de modernização. O primeiro e mais reconhecido momento dessa trajetória foi a criação e direção do Museu de Arte de São Paulo – MASP, concebido como o fulcro de um projeto de ação cultural modernizadora, que a partir de um museu de arte, estendeu-se à arquitetura, design, teatro, moda,publicidade, editoria e ensino para ter papel ativo no processo de industrialização acelerada pelo qual passou o país após o fim da Segunda Guerra Mundial. Com sucessos, derrotas e revisões, os Bardi se transformaram com os acontecimentos: desde o engajamento no projeto desenvolvimentista dos anos 1950, seu esgotamento na década de 1970 até sua transformação em uma postura anticolonialista e participativa na década de 1980, anos da redemocratização brasileira. O trânsito internacional do casal desde a Itália e Europa, estendendo-se aos Estados Unidos, África, Ásia e América Latina, gerou matizes próprios para sua interpretação do Brasil e sua proposição de direções para a cultura, economia e sociedade.
A Casa de Vidro registra essa história na sua arquitetura, que se transforma pelo uso e novas construções, no jardim, que anota o passar do tempo através do crescimento das árvores, nos móveis, objetos, obras de arte que se acumulam no interior da casa, na biblioteca, que explicita seus interesses intelectuais.
Considerada ícone da arquitetura moderna no Brasil, a Casa de Vidro foi o primeiro projeto construído da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi. O loteamento da antiga Fazenda de Chá Muller Carioba, na região do Morumbi, em São Paulo foi o local escolhido para construção, iniciada entre 1950 e 1951. A Casa de Vidro, ganhou este nome por sua fachada imponente de vidro que parece flutuar sobre pilares. O jardim da Casa, que ocupa uma área de 7.000 m2, expressa o amor do casal pela riqueza natural brasileira. Cuidadosamente planejado e plantado pela própria Lina, a vegetação rasteira da época transformou-se em floresta particular, com trilhas decoradas com pedras e cacos de cerâmica.
Além de marco arquitetônico, a Casa de Vidro tornou-se ponto de encontro de artistas, arquitetos e intelectuais. Grandes nomes Max Bill, Steinberg, Gio Ponti, Calder, John Cage, Aldo van Eyck e Glauber Rocha encontravam na residência do casal Bardi o espaço ideal para discussões culturais, ideológicas e sociais.
A Casa de Vidro constitui espaço de pesquisa e troca de ideias entre pesquisadores, profissionais e estudantes do Brasil e do exterior. Tombada pelo CONDEPHAAT em 1987, hoje abriga a sede do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi que tem como objetivo promover e divulgar a arquitetura, design, urbanismo e arte popular brasileira, mantendo vivo o pensamento e obra do casal no cenário cultural brasileiro.